12 de jun. de 2011

Tem uma lágrima

"Tem uma lágrima no canto do meu olhar. 
Uma lágrima que reflete teu sorriso.
Uma lágrima que me faz cantar.
Tem uma lágrima escorrendo por entre os lábios.
Ela reflete teu beijo.
Ela me lembra teu abraço.
Tem uma lágrima.
Que não posso distinguir.
Porque sorrisos e choros são fáceis de se confundir."



Lucas A. L. Paula

11 de jun. de 2011

Tua, não minha

''Então eu diria que sua imperfeição é meu excesso. Que sua indecisão é meu pretexto para ficar.
Eu diria que tudo estaria ao avesso.
Gosto do avesso
Do indireto.
Dessa força imperfeita por sua extrema perfeição.
Gosto deste erro correto que me faz ser o reflexo único e imparcial da contrariedade lógica desta manifestação anímica e somática."


Lucas Antonio de Lima Paula

5 de jun. de 2011


‎"Você está morto em vida a partir do momento que por medo você deixa de correr os riscos da incerteza para segurar-se nas comodidades de sua ilusão." - Lucas Paula



Aos pulos



Meu coração está aos pulos.
Está no escuro de minhas mãos fechadas.
Aberto, pingando.


Meu coração está em apuros.
Está no desfiladeiro das imprevisões.
Suspenso, pingando.


Meu coração está aos sussurros.
Está no corredor longínquo das quimeras 
Sentado, pingando.


Meu coração está de olhos cerrados.
De boca costurada.
De mãos algemadas.
Coroado 
Facetado
Remoldado


Meu coração está aos pulos
Pulsante
Vibrante
Incandescente


Está pingando...
Estamos pingando.
Eu, você, nós.

Porque o que antes era gelo, agora vira água e segue o fluxo das certezas que esperam no escuro.


Lucas Antonio de Lima Paula









2 de jun. de 2011

Nêmesis

Acordou em suspensão.
Sonolência profunda,
O coração nas mãos.
A mente vagava por estágios não decifrados.
Um par de olhos azulados deixavam um ar misterioso nos pensamentos diários.
Levantou, tomou seu banho habitual.
Respirou; profundamente...
Por vezes as lágrimas confundiam-se com a água que caía quente em seu rosto.
Ouviu silenciosamente uma melodia triste, pausada, que o fazia percorrer lembranças profundas...
Num impulso, o qual já estava acostumado, entregou-se ao refrão em tons roucos que preenchiam  vazio de sua alma.
Uma alma já fragmentada.
O refrão durou minutos e a frase final ecoava... ecoava... ecoava...
"Estou tão cansado de ficar aqui, suprimido pelos meus próprios medos."
Olhou-se no espelho. Seus olhos esverdeados fizeram-o  lembrar daquele par azulado que ainda era seu mistério.
Um encontro de almas.
Um reencontro.
Um recomeço.
Tudo ao avesso, mas na esperança paciente e feliz de se acertar.
Voltou para os minutos atuais e contemplou a imagem refletida.
Já não possuía os quilos que juntara na infância na vã tentativa de se proteger.
Hoje havia um homem refletido naquele espelho úmido.
Seu corpo definia-se em traços marcantes e firmes.
Uma ave lendária abrasava o peito nu.
Estava feliz.
Finalmente encontrara seu caminho, seu bem estar.
Era um homem, mas seu coração ainda era de um menino fragilizado por seus impulsos.
Então não havia mais o azul misterioso nem o verde esperançoso. Havia uma fusão, uma cor nova, diferente, bela.
Transportou-se para uma dimensão paralela, para um rio, um caminho.
Quando?
Quê?
Onde?
Por que?
Questões tão simples e ao mesmo tempo complexas.

Setembro, 23, 2007
Chamas crepitam em meio à mata fechada. Orações antigas são proclamadas aos pontos cardeais.
Houve um chamado, um pedido, uma intenção.

Junho, 02, 2011
E frente ao espelho, fechou os olhos e fez uma prece:
"Senhor, se a criação vem em dores de parto, então que possamos ter paciência, força e persistência para suportarmos essas dores enquanto esperamos o bem maior nascer. E, se devemos caminhar em direção do nosso maior temor porque ali está nossa única esperança, então que possamos sempre ter fé para nunca nos faltar a esperança."



Lucas Antonio de Lima Paula