2 de jun. de 2011

Nêmesis

Acordou em suspensão.
Sonolência profunda,
O coração nas mãos.
A mente vagava por estágios não decifrados.
Um par de olhos azulados deixavam um ar misterioso nos pensamentos diários.
Levantou, tomou seu banho habitual.
Respirou; profundamente...
Por vezes as lágrimas confundiam-se com a água que caía quente em seu rosto.
Ouviu silenciosamente uma melodia triste, pausada, que o fazia percorrer lembranças profundas...
Num impulso, o qual já estava acostumado, entregou-se ao refrão em tons roucos que preenchiam  vazio de sua alma.
Uma alma já fragmentada.
O refrão durou minutos e a frase final ecoava... ecoava... ecoava...
"Estou tão cansado de ficar aqui, suprimido pelos meus próprios medos."
Olhou-se no espelho. Seus olhos esverdeados fizeram-o  lembrar daquele par azulado que ainda era seu mistério.
Um encontro de almas.
Um reencontro.
Um recomeço.
Tudo ao avesso, mas na esperança paciente e feliz de se acertar.
Voltou para os minutos atuais e contemplou a imagem refletida.
Já não possuía os quilos que juntara na infância na vã tentativa de se proteger.
Hoje havia um homem refletido naquele espelho úmido.
Seu corpo definia-se em traços marcantes e firmes.
Uma ave lendária abrasava o peito nu.
Estava feliz.
Finalmente encontrara seu caminho, seu bem estar.
Era um homem, mas seu coração ainda era de um menino fragilizado por seus impulsos.
Então não havia mais o azul misterioso nem o verde esperançoso. Havia uma fusão, uma cor nova, diferente, bela.
Transportou-se para uma dimensão paralela, para um rio, um caminho.
Quando?
Quê?
Onde?
Por que?
Questões tão simples e ao mesmo tempo complexas.

Setembro, 23, 2007
Chamas crepitam em meio à mata fechada. Orações antigas são proclamadas aos pontos cardeais.
Houve um chamado, um pedido, uma intenção.

Junho, 02, 2011
E frente ao espelho, fechou os olhos e fez uma prece:
"Senhor, se a criação vem em dores de parto, então que possamos ter paciência, força e persistência para suportarmos essas dores enquanto esperamos o bem maior nascer. E, se devemos caminhar em direção do nosso maior temor porque ali está nossa única esperança, então que possamos sempre ter fé para nunca nos faltar a esperança."



Lucas Antonio de Lima Paula

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