Teu sexo já não me importa.
Nem a transa, nem a fogosidade, nem a loucura bêbada dos morros.
O beijo tornou-se habitual, rotineiro...
Bocas que não fazem sentido, corpos que não geram prazer.
É o tal processo de abstração carnal.
Os excessos são meios de fuga:
Máscaras indissolúveis na imensidão do esconderijo.
Já não me importa a rotina de festas sabáticas regadas de hedonismo corporal.
O hedonismo que me importa está além do que está fora.
É o tal processo de abstração social.
Já não me importa as cantadas baratas, nem as cutucadas ou pedidos de admissão.
Passam sem notabilidade por milhares de faces que nem são.
Já nem me importo com reclamações, indiretas ou frases copiadas.
Ninguém, e eu repito, ninguém sobre mim tem noção.
É o tal processo de abstração.
Esse abstrair onde você deixa o inútil de lado.
Onde o fútil é apenas um meio rápido de desligar-se da racionalidade entediante.
Onde abstrair é sorrir sem motivos...
Cantar sem voz...
Dançar sem som.
Abstrair é sair de você mesmo e encontrar-se face a face consigo mesmo bem longe da solidão.
São palavras ao vento que voam até onde podem chegar.
E pousam em ouvidos distantes, que por estarem em abstração total, podem te escutar...
Lucas A.L. Paula