2 de mai. de 2011

Reflexos Inflexos de um Ser Fragmentado



E sentado no divã pude ouvir a voz serena dizer:

"- Perdes-te teu reflexo. Teu espelho quebrou. Onde está você?"

Eu poderia então cerrar as pálpebras e procurar-me dentro de minha escuridão o lugar onde o meu 'eu' se escondeu.
Mas está tão escuro. Esta frio, escorregadio. 
O chão onde piso não é feito de concreto ou terra batida.
Não possui gramado, nem piso ladrilhado.
Apenas uma fina camada de gelo.
Que me faz ter medo de seguir além.

E seu cair? E se pisar forte demais? E se esse gelo se quebrar e eu afundar nestas águas gélidas e negras?
Saberei eu nadar de volta à superfície?

Onde estou?
Por que estou aqui?
O que faço neste lugar?
Quem sou eu?
Como me reencontrar?
 
No teu amor? Ou no meu desespero?
Nos meus pensamentos? Ou em nossos lamentos?
Naquele passado que assombra o sol desta manhã? Ou nestas nuvens escuras de chuvas que anunciam a tempestade de amanhã?

Já não mais posso cerrar os olhos para caminhar nesta escuridão. 
Sei que sozinho não serei uma chama forte o suficiente para iluminar este caminho e fazer todo esse gelo anímico se esvaecer. 
Mas ainda resiste o medo de abrir os olhos e não enxergar nenhum clarão.

-"Sê forte!"  A voz serena do outro lado da sala me diz.

Só que com minha expressão essa oração não condiz.

Mas a sessão acabou.
Assim como os conselhos... Como as frases que um dia me fizeram soerguer.
Só restaram fragmentos.
Pedaços pulverizados do que antes era o meu 'ser'.

Lucas A. L. Paula


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