4 de jul. de 2011

...e assim, após cair, erguer-se novamente.

Forças...
De onde tirá-las quando o chão parece não mais existir?
De onde retirar a energia necessária para recolocar-se de pé nos momentos onde as cordas do balanço arrebentaram e o solo fez-se teu limite?
Olha e vê que não há mais nada para baixo....
Não vê porque está escuro.
Abismos são sempre assim, escuros.


C
a
i
n
d
o

Era uma tarde fria de inverno...
Sempre são tardes frias de inverno em sua alma.
A neve caia lentamente.
O menino correu alegre pelo jardim, brincando com os flocos brancos que tocavam sua face.
Caiu, riu, levantou.
E voltou a correr pelo jardim até o parque isolado.
Soprou a neve que cobria o balanço, sentou e impulsionou-o com pés.
Ria...
Ria alto.
Tão alto quanto o balanço à se movimentar.
Ria e mexia ritmadamente o pequeno corpo para impulsionar o brinquedo.
Não havia mais tardes frias...
Não havia neve...
Não havia dever de casa...
Não havia quarto para arrumar...
Havia apenas aquele sorriso singelo que brilhava tanto quanto a neve no chão.
E num estrondo o riso cessou.
As cordas, congeladas pelo tempo, romperam-se e a inércia desconhecida pela criança lançou-a ao chão.
A neve já não era tão branca.
As pernas haviam sido quebradas pelo o impacto.
Ele chorava, gritava, implorava por ajuda.
Mas o parque estava vazio.
A rua estava vazia. 
No vazio de sua dor, fechou os olhos e rezou:
"Papai do céu, se não puder devolver minhas pernas, por favor, devolva meu sorriso."



Lucas A. L. Paula

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